"Não dizemos amém, dizemos lunae manifestum", o poder do discurso de resistência do livro de estreia de Bruno Gauvain marca o início de uma nova era para a literatura fantástica, anunciando uma guerra futurista travada pela intolerância religiosa.

Não se trata de inspiração ou uma tentativa de se igualar ao best-seller de Margaret Atwood, mas o nascimento de uma estrela LGBT brasileira que tem tudo para brilhar na nova década que se inicia. Enquanto O Conto da Aia aborda o feminismo e a luta das mulheres em uma sociedade futurista, Lunae Manifestum cria uma rede recheada de fantasia, política, terror, horror e suspense. E o mais intrigante: quebrando tabus e dando uma nova faceta para as bruxas. A ousadia, a originalidade e a riqueza mitológica marcam presença em cada palavra escrita.

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Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Veiga de Almeida, o jovem autor apresentou o projeto como trabalho de conclusão de curso e obteve a nota máxima. E o fato mais chocante é saber que começou a escrever a série de fantasia com apenas quinze anos, fruto de um sonho. "Me lembro como se fosse hoje, eu vi o céu desabar e caminhei dentre a fumaça e poeira. Vi pessoas amarradas arderem nas chamas do julgamento, tive a sensação de ter estado no passado, mas vi uma televisão estraçalhada no chão e soube da pior maneira: eu estava no futuro", Bruno se lembra. Assim, começou a colorir o seu universo pós-apocalíptico.

O universo se passa em Alaenia, em 2022. A América foi devastada, uma nova civilização renasceu. Eles não têm luz e são aterrorizados por eventos sobrenaturais e a Mão Dele. É brutal e arrebatador. Acima de tudo, é de extrema relevância para o cenário político, social e religioso brasileiro. O primeiro volume da série está previsto para o primeiro trimestre de 2020. E fica o questionamento: para onde eles correrão quando a Hora das Bruxas chegar e a dívida histórica for cobrada?

Capa: Sthefany Hygino

Contracapa: ilustração de Thiago Ferraccioli, design de Sthefany Hygino