The Handmaid's Tale foi renovada logo depois de estrear os novos episódios para uma terceira temporada, o que não é uma surpresa. O produtor Bruce Miller afirmou que ele não tem um endpoint planejado, mas em seus primeiros rascunhos planejou histórias centrais para dez temporadas e em algum momento The Handmaid's Tale chegará ao fim. A série provavelmente terminará com o epílogo do livro, a única seção que ainda não foi tratada na série. Então se você procura por pistas da terceira temporada, os detalhes do epílogo do livro de The Handmaid's Tale podem indicar para onde a história está caminhando.

Para quem não leu o livro, o epílogo se passa dois séculos após os eventos do romance. O livro foi escrito em 1985. Gilead foi definida em um futuro próximo, dez anos depois, em 1995. O epílogo é, portanto, definido em 2195. A série levou o futuro um pouco mais adiante, apesar de não ter um tempo definido com seus cenários clássicos e trilha sonora de várias datas, eu estimo que se passa por volta de 2020.

No epílogo, o Décimo Segundo Simpósio sobre Estudos de Gilead está tendo seu encontro anual, um grupo de estudos históricos que tenta contar a forma como Gilead nasceu e caiu. A história que o leitor acaba de ler foi reunida "a partir de transcrições de trinta fitas não numeradas" encontradas em um baú numa proeminente estação intermediária que foi chamada de "A Estrada Clandestina Feminina" em Bangor, Maine. O orador principal, Professor Pieixoto deduziu que Offred "fazia parte da primeira onda de mulheres recrutadas para propósitos reprodutivos".

Pela descrição de Offred, Gilead começou a cair com os primeiros expurgos que mataram Comandantes e pessoas de grande poder. Porém, no livro, não se tem conhecimento de quem seja Offred, nem nos relatos ela quis revelar seu nome, outros como Luke e Nick podiam ser até pseudônimos adotados pela aia para protegê-los caso as fitas viessem a ser descobertas enquanto Gilead ainda sobrevivia.

Há um Fred Waterford, que foi membro do alto escalão de Gilead, chefe dos Olhos e um Comandante. Mas eles não têm certeza se é o mesmo a quem ela se refere, já que ele não era casado com uma Serena. Em vez disso, sua esposa é listada como Thelma. Mas é a descrição do epílogo do destino de Waterford, que sugere como a série pode terminar.

Sabemos, por exemplo, que ele encontrou seu fim (sim, ele morre), provavelmente logo após os eventos descrito pela autora das gravações, em um dos primeiros expurgos. Ele foi acusado de tendências liberais, de possuir uma coleção substancial e não autorizada de materiais heréticos pictóricos e literários e de abrigar um elemento subversivo. Isso foi antes que o regime começasse a realizar seus julgamentos em segredo e ainda os estava televisionando, de modo que os eventos foram gravados na Inglaterra em transmissão via satélite e estão em gravados em arquivos.

O simpósio acredita que o subversivo que Waterford é acusado de abrigar é Nick, que ajudou na fuga de Offred. Eles acreditam que ele era parte do Mayday, um agente de alto nível. Se ele foi pego e Waterford punido pelos pecados de Nick, ou se Nick se virou contra o Comandante, não fica claro.

Como a maioria dos primeiros Comandantes de Gilead que mais tarde foram expurgados, ele considerou sua posição acima de qualquer perigo de ataque. Isso poderia ser uma pista de como termina The Handmaid's Tale, mas na série, os produtores quiseram dar nomes às aias e a dar vida a voz de June, na série existe sim uma Serena, uma Moira, um Nick e um Luke. É bom saber que certeza de morte temos apenas do Comandante Waterford, mas o livro indaga sobre uma possibilidade: "Ele [Nick] poderia, é claro, tê-la [Offred] assassinado pessoalmente, o que teria sido mais prudente". A série ainda tratou de dar nome para Offred, que a conhecemos por June. A primeira temporada da série passou por maior parte até o penúltimo capítulo do livro, mas segundo o produtor Bruce Miller, eles devem revisitar o que foi apenas pincelado nas próximas temporadas, fato é que a série tem 200 anos para contar se quiser chegar aos eventos do epílogo do livro e tudo parece caminhar para isso.

Por bem, deixamos como extra o último parágrafo do livro, que não é exatamente um final, mas sim o anfitrião Pieixoto indagando o grupo sobre Offred:

Terá a nossa narradora chegado ao mundo exterior em segurança e construído uma nova vida para si mesma? Ou terá sido descoberta em seu esconderijo no sótão, presa, mandada para as Colônias ou para a Casa de Jezebel, ou até mesmo executada? Nosso documento, embora à sua própria maneira seja eloquente, quanto a essas questões é mudo. Podemos fazer Eurídice surgir do mundo dos mortos, mas não podemos obrigá-la a responder; e quando nos viramos para olhar para ela, nós a entrevemos de relance por apenas um momento, antes que escape de nosso alcance e nos abandone. Como todos os historiadores sabem, o passado é uma enorme escuridão, e repleto de ecos. Vozes podem nos alcançar saídas dele; mas o que dizem é imbuído da obscuridade da matriz da qual elas vêm; e, por mais que tentemos, nem sempre podemos decifrá-las precisamente à luz mais clara de nosso próprio tempo.