Quem leu o livro The Handmaid's Tale ou assistiu a série sabe que Gilead foi fundamentada na infertilidade das mulheres causada pelo lixo tóxico acumulado no planeta, pelos maus hábitos alimentares e ao uso de medicamentos.

O passar do drama indica que não é apenas isso. No livro e na série, a teoria de que as mulheres eram as inférteis começa a ser questionada (senão antes) com a descoberta de que alguns homens, os Comandantes, que estavam com problemas reprodutivos. Na segunda temporada, em uma viagem diplomática ao Canadá, Serena é abordada por um agente que a oferece ajuda, além de contar que os estudos que estão sendo realizados fora de Gilead comprovam que o problema não está apenas nas mulheres.

Infelizmente Gilead parece ter deixado a pesquisa científica de lado, o que deixou essa nova sociedade isolada do mundo em relação a pesquisa reprodutiva e a qualquer outro tipo de estudo. Nem dá pra relacionar com o Brasil que vivemos né?! Irônico, se não fosse trágico.

Deixando a ficção (que Margaret Atwood disse que não é ficção, "tudo de The Handmaid's Tale já aconteceu em alguma parte do mundo") de lado, de acordo com pesquisa realizada pela Universidade de East Anglia, no Reino Unido, a fertilidade masculina está sendo ameaçada pelo aquecimento global.

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Por enquanto isso foi observado em insetos, mas os cientistas acreditam que o problema se repita em todas as espécies animais, segundo trabalho publicado na revista científica mundialmente reconhecida, Nature. "Os besouros são fundamentais para a biodiversidade, então esses resultados por si só já são importantes para entender como as espécies reagem às mudanças climáticas", afirma o biólogo Kris Sales, da Universidade de East Anglia em entrevista ao Portal UOL.

"Mas nossa pesquisa também indica que ondas de calor podem prejudicar a reprodução masculina em animais de sangue quente, levando a questão inclusive aos mamíferos." Segundo o estudo, ondas de calor danificam espermatozoides, o que causa um impacto negativo para a fertilidade ao longo de gerações. 

Os pesquisadores ainda estudam se as mudanças climáticas podem causar diminuições de representantes de uma espécie e até mesmo as extinções delas. "Sabemos que a biodiversidade sofre com as mudanças climáticas, mas as causas específicas e as sensibilidades são de difícil definição", diz o zoólogo Matt Gage, professor da Universidade de East Anglia.

"Nosso trabalho mostra que a função espermática é uma característica especialmente sensível quando o ambiente se aquece." Gage prossegue lembrando que, como os espermatozoides têm papel essencial na reprodução e, consequentemente, na continuidade das populações, as descobertas podem lançar mais uma explicação sobre os motivos de a biodiversidade do planeta estar sofrendo com as alterações no clima.

Para chegar a tais conclusões, os pesquisadores analisaram um inseto chamado Tribolium castaneum, popularmente conhecido como besouro-de-farinha-vermelho ou besouro-castanho. 

Leia o artigo completo na Nature, ou a matéria no Portal UOL.