The Handmaid's Tale sempre foi carregada de simbolismo em suas histórias. O episódio desta semana eleva isso a um outro nível quando June é confrontada por um lobo solitário. O que o lobo simboliza neste episódio de The Handmaid's Tale?

É extremamente caro para fazer qualquer filmagem com animais reais, e aqui não é qualquer animal, é um animal selvagem que precisa de adestramento diferenciado. Obviamente, o lobo significa alguma coisa.

Para alguns povos no mundo real, o lobo representa não apenas a criação, mas também morte e renascimento. O lobo é um símbolo de tutela, ritual, lealdade e espírito. Tem a capacidade de fazer laços emocionais fortes rapidamente, e muitas vezes precisa confiar em seus próprios instintos. Assim, eles nos ensinam a fazer o mesmo, a confiar em nosso coração e mente e a ter controle sobre nossas próprias vidas.

Todas essas coisas dizem respeito à situação de June quando ela está sozinha, do lado de fora da casa abandonada, em um momento de pânico de tentar escapar. Ela está gravida e suas contrações estão vindo mais e mais, prestes a ter sua bebê.

Mas também há a parte sobre se apegar rápido e firme emocionalmente. June fez isso em Gilead, com Nick, mas também com Janine, com Emily e até mesmo com Serena Joy por um tempo. 

Depois, há a parte sobre instintos de confiança. Isso acontece com June justamente quando está dentro da casa quando Fred e Serena chegam para procurá-la. Seu cérebro a diz a para se esconder, para escapar. Ela não quer voltar com os Waterford e ser punida pelo que o Comandante fez. Também não quer passar pela horrível cerimônia de nascimento. Se vai ser forçada a dar à luz naturalmente, então quer fazer do jeito dela, sozinha, onde ninguém a verá sangrar ou gritar. É também a única maneira de poder ficar com a bebê nos instantes após o nascimento.

Claro, o lobo também simboliza algo muito mais simples. A razão pela qual June sai da casa depois que Nick vai embora é talvez caminhar até a estrada, acenar com os braços, buscar ajuda e ter alguém para levá-la a um maldito hospital. Ela já está em trabalho de parto, mas não pode sair, o lobo está bloqueando seu caminho, mantendo-a lá, forçando-a a encontrar outras maneiras de escapar. Ou, em última instância, ficar.

June não conseguir escapar a leva para um dos grandes momentos de The Handmaid's Tale. Dar à luz como uma loba solitária é uma recuperação de sua capacidade de trazer vida ao mundo daqueles que, em Gilead, literalmente criaram este mundo (e, no caso de Serena Joy, desistiram de tudo) para explorá-la para enriquecimento pessoal. 

Aqui vale um adendo, eu Marcos, que escrevo sempre por aqui, sou um fã da franquia Star Wars, especialmente a animação Star Wars Rebels (caso não tenha visto corra para a Netflix, a quarta temporada é o melhor de Star Wars). Na quarta temporada da série os Lobos de Lothal tem um significado parecido, eles acompanham o jovem Ezra Bridger, que faz parte dos rebeldes que lideram a resistência contra o Império. É fácil fazer uma analogia com The Handmaid's Tale, em nenhum momento o lobo pareceu uma ameaça para June, é apenas uma sombra de sua resistência que só aumenta.