"Se ser bruxa é lutar contra a censura, que ardamos na fogueira!", marquem esta frase de resistência, pois é declaração de Lilith, a Deusa da Noite do primeiro volume da série de livros com fortes elementos de distopia "Lunae Manifestum".

Embora Bruno Gauvain tenha nascido muitos anos após o Conto da Aia e não o tenha lido quando iniciou sua obra, as semelhanças existem. O saldo é totalmente positivo para o autor independente, afinal, escrever um livro sobre intolerância religiosa aos quinze anos não deve ser uma tarefa fácil.

As semelhanças estão no ambiente caótico, futurista e totalitário de um regime religioso. Enquanto Margaret Atwood destaca as aias como as oprimidas em O Conto da Aia, Gauvain apresenta as bruxas como suas figuras marginalizadas. Uma coisa é clara: as bruxas do autor são totalmente diferentes do estereótipo de contos de fadas ou qualquer caracterização demoníaca. 

A ficção se passa em Alaenia, a Terra Remanescente da extinta América, um lugar repleto de dor, mistério e eventos sobrenaturais. O dia é púrpura, a noite é azul. O Governo da Mão Direita determina tudo que deve ser feito a partir dos mandamentos da Neorreligião. Uma vez quebrados, haverá consequências. Em um clima visceral e sinistro, o autor dá vida a figuras emblemáticas em seu manifesto, como personagens transexuais, homossexuais, negros, e com deficiência e vitiligo.

Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Veiga de Almeida, o autor teve como responsabilidade de TCC transformar seu texto original em uma edição física, gerenciando todo processo de estratégia de marketing. Lançado no dia 26 de outubro de 2020, hoje, já ultrapassa a marca de dez caixas esgotadas para todo Brasil.