"Home"! June está em casa, sua nova casa. Depois de anos - mais precisamente sete - June finalmente pisa no Canadá e está livre de Gilead, quase. O sétimo episódio da quarta temporada de The Handmaid's Tale mostra a ex-aia tentando se adaptar a nova vida e conviver com as pessoas que passaram tantos anos longe dela. Com a fuga, a série entra em uma nova fase: de batalha legal, de missão diplomática e de vingança.

É o primeiro episódio que reunimos o elenco principal, exceto Janine, Nick e Tia Lydia, que permanecem em Gilead. O episódio se passa inteiramente no Canadá, pela primeira vez, com exceção dos flashbacks. Aliás, June e seus amigos não estão exatamente no Canadá, mas em Little America, localidade na área de Toronto do governo dos Estados Unidos no exílio. 

June é recebida por Rachel Tapping e Mark Tuello no Canadá - Tuello está muito feliz, deve estar de saco cheio do pacote Serena-Deus-te-abençoe -, eles são membros do que resta do governo Americano. Lhe é oferecido asilo, June aceita. Obrigado, esse é nosso momento! June é levada para um luxuoso hotel de refugiados de alto padrão ao som de "At Last", de Etta James - excelente escolha, me lembro de ter ouvido na primorosa segunda temporada de Expresso do Amanhã. June está protegida em uma suíte em um andar alto, com abundantes arranjos de flores, águas caras, frutas e até um favo de mel de abelha para saudá-la. Gilead falava em poluição a ponto de ser difícil produzir laranjas, será que o problema existia apenas em Gilead, já que abelhas são tão sensíveis e o Canadá consegue produzir mel? Os hidratantes do banheiro são tão bons que Moira lembra Luke de roubá-los. Esse começo de episódio prova, como Tuello bem disse, que June é "excessivamente importante" para o governo Americano no exílio. Ela presenciou vários acontecimentos relevantes na teocracia de Gilead e pode ser fonte de informações para revelar as fraquezas do sistema e futuramente derrubá-lo por completo.

Sem surpresa, June e Luke ficam desconfortáveis ​​na presença um do outro. Luke está empolgado e lista coisas que poderiam fazer juntos: comer, beber, ir ao banheiro. Eles não acabam imediatamente nos braços um do outro, e é totalmente compreensível se tratando de refugiados oriundos de países opressores. A ONU está ajudando a série com relatos de vivências de pessoas reais desde a chegada de Emily ao Canadá, então parabéns The Handmaid's Tale pela representatividade dessas pessoas.

Luke e June acabam conversando - 17 horas de sono depois -, sobre Hannah. Embora a parcela de culpa de cada um seja diferente, é difícil tomar partido quando estamos falando de pessoas afetadas por Gilead. June viveu tudo de pior nesse sistema e de fato tentou reaver Hannah mais de uma vez, já Luke, apesar de viver no conforto do Canadá, sem contatos dentro de Gilead teria pouca ou nenhuma chance de encontrar a filha, coisa que sua esposa dentro de Gilead conseguiu. Aliás, mesmo Luke não tendo ajudado June a sair - coisa que quem poderia fazer mesmo? - ele respeitou sua amada por todos esses anos, como Moira bem disse no episódio anterior.

Em "Home", June percebe o buraco deixado na vida de seus amigos e familiares que passaram tanto tempo sem ela. Moira e Luke se tornaram pais, por ao menos um ano, jogando fraldas para frente e para trás no supermercado como profissionais. Panquecas são feitas pela manhã e os amigos podem aparecer para jantar durante a semana, um pouco mais feliz do que ver Serena tricotando o tempo todo. June está em uma zona nebulosa, brincando em um momento sobre a enganação das batatas fritas saudáveis ​​e no outro relembrando o rosto de Alma olhando para ela através das prateleiras do supermercado. Ela também vê Gilead nas garrafas de água Aquilae, segunda referência a Star Wars em THT. Ela não está relaxada o suficiente para adotar uma atitude de "foda-se" sobre Gilead, como Moira, ou para ter uma noite de terapia das garotas com Rita e Emily, onde elas conversam sobre como lidar com o pós-Gilead. June entende que todas seguiram em frente, enquanto ela ainda quer vingança.

Os Waterfords, enquanto isso, continuam a se lamber e morder. Aliás, parte mais preguiçosa da temporada são as cenas com Fred e/ou Serena, embora os dois atores sejam excelentes. Eles se juntam e se separam, dependendo de como está a maré. Mas, Yvonne Strahovski sempre nos deu uma brilhante atuação como Serena, usa um narcisismo auto-piedoso para conseguir o que quer. Ela acredita que Deus está cuidando dela e que Ele deu essa graça para ela. Fred, no entanto, tem a simples fome de poder. Mesmo afastado do cargo, ele ainda se considera o dono de "Offred".

O momento culminante do episódio é o mais esperado por todos aqui, o encontro de June com Serena, June sai da cama no meio da noite para a visita. Por um longo tempo, Serena oscilou entre cúmplice de Gilead e vira-casaca em potencial. Quem nunca se iludiu? Eu sim. Desde a primeira temporada parecia que ela ajudaria June a escapar e de fato ajudou no final da segunda temporada, mas com a única motivação de manter Nichole a salvo. Agora está mais claro, Serena é vilã, mais dominante do que Tia Lydia e mais falsa e oportunista do que Fred. Ela merece cada segundo da June lhe dando uma lição de moral e dizendo que a odeia. June deseja a morte do filho que Serena carrega no útero, pesado. "Você está me entendendo?", June diz a Serena. Ela devolve com as mesmas palavras o que a esposa de Fred fez com ela na primeira temporada. Poderoso.

June volta para casa e tem uma transa "bizarra", como disse meu amigo Maurício. Tentando se recuperar dos anos de relações sexuais violentas que sofreu, ela toma as rédeas e obriga Luke a fazer sexo. Estupro? Sim, ele pediu para ela ir mais devagar e ela continuou. Os resultados disso dependem de Luke. Uma cena dois dois felizes com Nichole é mostrada logo depois, em meio aos relatos sobre Serena que June dá a Tuello. Quando June fala em "Te estuprar", o foco da câmera muda para Luke. Triste. Logo de manhã, quando assisti ao episódio, considerei essa cena bem problemática. Me perguntei o motivo de um estupro reverso a essa altura em The Handmaid's Tale. Mas pensando em pessoas traumatizadas e que viveram o que June viveu, é compreensível. Agora ela precisa buscar ajuda psicológica e não fingir que está "tudo bem" - coisa que June e Luke tanto repetiram durante o episódio. Provavelmente tanto June como Luke precisam dessa ajuda.

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