June pode ser a heroína de The Handmaid's Tale para quem tanto torcemos, ela mata Comandantes e envia crianças ao Canadá. Mas agora, os efeitos desse heroísmo chegam à população Gileadeana em Little America, no Canadá. O segundo episódio da temporada mostra Rita e Luke suavemente transformando o papel de June no "Voo dos Anjos" em um esquema de arrecadação de fundos (em um salão de eventos pouco povoado, infelizmente), e Daisy, uma Jezebel no ramo rural pronta para ajudar June. Segundo Daisy, a palavra se espalhou sobre a fuga e isso inspirou mais rebeliões contra o estado. Ela dá a entender que June deu o pontapé inicial nesta guerra (embora saibamos que o Mayday e outros rebeldes estão trabalhando muito antes dela se juntar a revolução) e assumiu o status de lenda da resistência.

Falando em Daisy, temos uma personagem importante com esse nome em Os Testamentos, segundo livro de Margaret Atwood da saga. Como a Daisy da série só deve aparecer neste único episódio da quarta temporada, não se trata da mesma personagem.

Nightshade traz uma válida expansão de Gilead (aliás, essa temporada quebrou todos os recordes em termos de expansão narrativa e territorial, parabéns roteiristas!), descobrimos que Jezebels que aparece na primeira e na terceira temporada não é o único bordel nojento em Gilead. O estilo da casa a que June é levada, com uma bandeira imponente sobre o telhado, me lembrou dos "cidadãos de bem" aqui no Brasil, que estampam a bandeira do país em qualquer lugar e se consideram os únicos patriotas que existem. June acaba pegando mais coisas para fazer do que podia, ela decide passar mais uma noite na fazenda dos Keyes para que possa envenenar e matar os Comandantes militares que estão no bordel. Tenho pra mim que isso possa influir nos próximos episódios, já que teremos um episódio intitulado por "Chicago", e como Daisy bem falou, esses Comandantes estavam se preparando para o fronte.

No episódio anterior, June atuou com a devida cautela, dizendo à Sra. Keyes que elas não podiam simplesmente entrar no centro de comando mais próximo e começar uma guerra. Elas estão enfrentando uma máquina bem organizada e equipada. Embora a ideia de June - envenenar os Comandantes com a bebida que suas Jezebéis estão derramando goela abaixo - seja brilhante, passar a noite extra na fazenda Keyes é mortal. Um guardião já chegou procurando por Pogue, isso já deveria ter sido suficiente para as aias saírem da fazenda.

June deve estar confusa se deve ficar e lutar ou fugir e lutar de longe. A pequena arrecadação de fundos morna de Moira e Luke não inspira muita esperança de que os americanos no exílio possam fazer muito do seu lado da fronteira; ela pode causar muito mais danos por dentro. Mas ela também fica sabendo das complicações que acompanham suas revoltas. Daisy está pasma com "a aia que matou o Comandante Winslow" e acrescenta que, após sua morte, eles "limparam a casa" de Jezebels. Ela teve sorte de sair viva. Sem perceber, June continua derrubando longas filas de dominó e causando consequências em Gilead.

E mais uma vez acertam na trilha sonora de The Handmaid's Tale. "Suffragette City" de David Bowie nas cenas de Daisy e outras mulheres lindas derramando bebida na garganta dos Comandantes foi uma ideia divertida.

No Canadá, o caso Waterford versus Waterford está parecendo novelão da Globo. Serena parece ter se voltado contra Fred pela promessa de uma vida no Canadá que envolveria Nichole. Ela, entretanto, não adquiriu imunidade no tratado com Mark Tuello. Então, Fred, motivado pelo rancor virou o jogo contra Serena e disse às autoridades que ela também havia cometido vários crimes de guerra em seus anos de Gilead. Serena foi presa e teve seus privilégios com Nichole retirados. Agora Tuello, que é totalmente cego a respeito de Serena, parece estar disposto a retirar as acusações contra ela se ela bancar a vítima e testemunhar contra Fred, algo que ela obviamente estava disposta a fazer algumas semanas atrás, mas agora mudou de ideia. O papel de Serena em The Handmaid's Tale está confuso.

Uma Serena "enferrujada" tenta manipular seu marido, trazendo uma velha memória de seu tempo viajando pelo mundo na turnê de lançamento de seu livro. Ela tem a esperança de que o coração frio de Fred sinta algo por ela e se retrate do testemunho contra ela a respeito do estupro de June através de Nick. Para surpresa de ninguém, essa estratégia baixa demais até para Serena não funciona, e por que funcionaria? Fred é um prisioneiro político arrancado do império que ele construiu com tanto amor. Ele vai se vingar da maneira que conseguir. "Nichole não é sua filha mais do que ela é minha", ele responde, "e se você acha que vou deixar você ficar com ela, para andar livre e começar uma nova vida, está delirando."

Para incrementar a novela, há uma pequena quantidade de células Waterford na mistura. Talvez minúscula, talvez nem tanto, considerando há quanto tempo Serena está no Canadá (pelo menos várias semanas). Vale lembrar que Serena e Fred passaram uma noite juntos em "Liars" na casa de Econopessoas quando estavam indo ao Canadá. Sobre as teorias de que o bebê fosse de Mark Tuello, acho pouquíssimo provável dada a frieza da relação Serena-Mark. De fato, um bebê muda tudo, aumentando as possibilidades narrativas e isso me anima.

E precisamos falar sobre a morte um pouco prematura de David, personagem carismático interpretado por Samer Salem. Depois do estrago em Jezebels, ele e June voltam para uma fazenda aparentemente vazia, até David ser atingido por um tiro e June ser mirada por vários lasers. Nick é um Comandante agora e com poder suficiente para poupar June, ou será por June ter as informações - para onde as aias foram - ? Bem, seja qual for a razão, ela está salva, ao menos por enquanto.

Vamos lembrar do título desse episódio, "Nightshade" pode ser traduzido literalmente para erva-moura, a erva que Sra. Keyes dá ao Comandante e que June serve para os "clientes" de Jezebels. 

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