Cada temporada de Dear White People lida com uma história abrangente que percorre todos os episódios, e em cada temporada os estudantes da Universidade de Winchester também se interessaram por alguma série de televisão fictícia. A primeira temporada fez com que eles assistissem por uma série referenciando Scandal chamada Defamation, e a segunda temporada teve algo como Empire, Prince O' Pal-ities.

Mudando de assunto mais uma vez na terceira temporada, Dear White People inclui uma paródia de The Handmaid's Tale. A paródia não traz absolutamente nada de novo quando se trata de racismo, feminismo e o status de Elisabeth Moss como cientologista.

No início da temporada, Samantha White (Logan Browning) é fisgada pela série, apesar de seu namorado Gabe (John Patrick Amedori) ter dúvidas sobre isso. "Essa série não é um pouco feminismo branco para você?", ele pergunta enquanto assiste a outro episódio, com Sam respondendo de volta: "Eu quero que essa branca da ficção seja livre." De acordo com Sam, ela está assistindo porque ela e seu falecido pai costumavam criar teorias sobre a série, então agora tem um lugar sentimental em seu coração.

Dear White People não está apenas satirizando The Handmaid's Tale, mas também a protagonista, Elisabeth Moss. Moss é uma cientologista e o tópico surge com recorrência depois que passou a interpretar o papel de uma personagem que representa tanto para o feminismo, à luz dos tópicos retratados e a postura polêmica da cientologia sobre isso, incluindo a homossexualidade.

Um usuário no Instagram, até perguntou se a série fez Moss "pensar duas vezes sobre a cientologia" já que "ambos Gilead e cientologia acreditam que todas as fontes externas são erradas ou más". Em uma das raras vezes que a atriz se pronunciou sobre o assunto, ela explicou em resposta ao comentário:

"Liberdade religiosa e tolerância e compreensão da verdade e direitos iguais para todas as raças, religiões e credos são extremamente importantes para mim. As coisas mais importantes para mim provavelmente. E assim Gilead e THT me atingiram em um nível muito pessoal. Obrigada pela interessante questão!"

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Ela girou em torno da pergunta sem realmente responder, que ela tende a fazer toda vez que a birra cientologia versus The Handmaid's Tale é criada e faz isso com razão, até onde podemos questionar a liberdade das outras pessoas?

Enquanto Moss não se pronuncia, Dear White People mexe na ferida, como Gabe brinca com Sam: "Eu ouvi que a atriz que interpreta July [na paródia é 'July', não 'June'] está realmente em um culto e não entende a ironia [da série]."

A crítica de Dear White People em The Handmaid's Tale focar em personagens majoritariamente brancos e deixar personagens negros de lado até poderia ser válida, outras pessoas já têm levantado o assunto nas redes sociais, mas se assistirem com atenção ao programa televisivo do Hulu, certamente repensariam a crítica.

No livro, Gilead considerava pessoas negras amaldiçoadas, então em sua ascensão, houve uma purificação racial. Já a série, abriu brechas para a inclusão de personagens negros, como Moira, Hannah, Luke, Rita, Brianna, Comandante Horace, Natalie (Ofmatthew), dentre outros. Ainda assim, pela supremacia branca de uma sociedade como Gilead, o racismo está presente, na terceira temporada, ao escolherem o destino das aias, tia Lydia revela que uma família não queria uma aia negra.

Margaret Atwood seguiu a linha lógica de um sistema totalitário ao escrever O Conto da Aia com algumas exclusões, a série está em outra época e tentou dar outros ares pra coisa. Se Dear White People não está feliz com isso, deveriam estar com os problemas que The Handmaid's Tale vem evidenciando e os movimentos feministas que tem inspirado.

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