Damares Alves foi confirmada nessa semana pelo presidente eleito Jair Bolsonaro como a chefe do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Pastora evangélica e advogada, a futura ministra se caracteriza por frases polêmicas.

O site Hypeness fez uma matéria especial comparando o pensamento defendido por Damares com a República de Gilead - nação patriarcal militarizada, que tem a bíblia como Constituição e tomou o lugar de boa parte dos Estados Unidos em The Handmaid's Tale.

A futura ministra pretende construir "um Brasil sem aborto". Segundo ela, por meio de políticas que tratem de planejamento familiar. Veja abaixo algumas das polêmicas falas de Damares: 

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1. "A gravidez é um problema que dura só nove meses"

Para a ministra, "a gravidez é um problema que dura só nove meses". Damares afirma que o "aborto caminha a vida inteira com a mulher', disse ao sair de reunião com o presidente eleito.

Agora, como acabar com problema da gravidez precoce diante do avanço do Escola Sem Partido e de teorias contrárias ao ensino de educação sexual nas escolas? A contrário do que é dito por aí, o conteúdo é aliado importante contra a gestação indesejada e o avanço de doenças como o HIV.

2. "Nenhuma mulher quer abortar"

"Eu sou contra o aborto. Nenhuma mulher quer abortar. Elas chegam ao aborto, porque, possivelmente, não foi lhe dada nenhuma outra opção. A mulher aborta acreditando que está desengravidando, mas não está."

Damares Alves, que foi assessora parlamentar de Magno Malta, também deu seu parecer sobre a comunidade LGBT brasileira. Segundo a ministra, a discussão é "delicada". Contudo, aos seu olhos foi criada uma "falsa guerra entre cristãos e LGBT".  

"Essa guerra não existe e vamos mostrar que essa guerra não existe", opinou a futura ministra dos Direitos Humanos. Será?

3. "Ninguém nasce gay"

O pastor evangélico Ezequiel Teixeira (PTN-RJ) apresentou na Câmara dos Deputados o projeto de lei 4931 de 2016, que propõe um decreto legislativo autorizando a aplicação de terapias para "auxiliar a mudança da orientação sexual, deixando o paciente de ser homossexual para ser heterossexual, desde que corresponda ao seu desejo".

Assim como outras correntes fundamentalistas, ele acredita em 'cura gay'. Para Teixeira, "a homossexualidade causa diversos transtornos psicológicos". Sem contar que o Brasil é o que mais mata LGBT no mundo, um a cada 19 horas.

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4. "Não é a política que vai mudar esta nação, é a igreja"

Falando em religião, para Damares, "não é a política que vai mudar esta nação, é a igreja [evangélica]".

Vale lembrar que o novo governo começou com uma reza em rede nacional, nenhum problema com isso, desde que pela constituição não tivéssemos um 'Estado laico'.

A ex-assessora parlamentar não acredita que a política seja instrumento de mudança. Aliás, a presença da igreja evangélica foi destaque durante toda a campanha de Bolsonaro. Teve até culto ao vivo puxado por Magno Malta para celebrar a vitória em segundo turno.

Mas, voltemos para Damares. Na mesma palestra em que colocou a homossexualidade em dúvida, ela exaltou a fé como saída única para o Brasil.

"Naquele dia, Deus renovou nossas forças. Porque Deus nos disse que não são os deputados que vão mudar essa nação, não é o governo que vai mudar esta nação, não é a política que vai mudar esta nação, que é a igreja evangélica, quando clama. É a igreja evangélica, quando se levanta (que muda a nação)", profetizou. Me lembrou muito a Serena, logicamente.

5. "É o momento da igreja governar"

A nova ministra falou novamente sobre o tema em 2016, em Belo Horizonte. A integrante do governo de Jair Bolsonaro expôs suas ideias na Igreja Batista da Lagoinha.

As instituições piraram nesta nação. Mas há uma instituição que não pirou. E esta nação só pode contar com essa instituição agora. É a igreja de Jesus. Chegou a nossa hora. É o momento de a igreja ocupar a nação. É o momento de a igreja dizer à nação a que viemos. É o momento de a igreja governar. 

6. "A mulher nasceu para ser mãe"

Para terminar essa seleção, repetimos, digna do roteiro de The Handmaid's Tale, o pensamento da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos sobre as próprias mulheres. Ela afirma que se "preocupa com a ausência da mulher na casa". A ministra acredita que a mulher nasceu pra ser mãe e que ideologia de gênero é morte.

"A mulher nasceu para ser mãe. Também, mas ser mãe é o papel mais especial da mulher. A gente precisa entender que a relação dela com o filho é uma relação muito especial. E a mulher tem que estar presente. A minha preocupação é: dá pra gente ter carreira, brilhar, competir, consertar as bobagens feitas pelos homens. Sem nenhuma guerra, mas a gente conserta algumas. Dá pra gente ser mãe, mulher e ainda seguir o padrão cristão que foi instituído para as nossas vidas", declarou a líder evangélica.

Texto adaptado de Hypeness/Kauê Vieira