Chegamos ao primeiro episódio de The Handmaid's Tale sem o clássico letreiro em caixa alta THE HANDMAID'S TALE no início do episódio, é por um bom motivo, estamos em transição. A série está passando a passos vagarosos do olhar da aia para o olhar de June sobre os acontecimentos de Gilead. "Vows", ou "Votos", é um episódio raiz da série, trazendo longos flashbacks que ornaram com o tom do enredo, e nos fizeram chorar, claro.

Falando sobre episódio raiz, outro elemento do livro de Margaret Atwood que nos é lembrado é que o maior fardo do regime de Gilead é a maneira como ele varre o passado. É impressionante que as pessoas trancadas em Gilead ainda estejam em seu país de origem, às vezes até mesmo em suas próprias cidades ou bairros, mas seu dia a dia se passa em alguma realidade alternativa. June lembra de seus momentos felizes com a amiga Moira e sua família, mas o passado e o presente são totalmente desconexos. Gilead não combina com felicidade.

E temos o ponto alto do episódio, a dupla Elisabeth Moss e Samira Wiley são ótimas atuando juntas, aliás, Moss é ótima com Ann Dowd (Tia Lydia), é ótima com Yvonne Strahovski (Serena Joy), é ótima com Madeline Brewer (Janine). Outro ponto que preciso elogiar é o aproveitamento dos personagens do núcleo Little America no Candá. Luke e Moira pareciam meio perdidos na temporada anterior, agora eles têm funções importantes contribuindo na ajuda das vítimas de Gilead. Moira estava sendo preparada para ser assistente social junto da namorada Oona - embora agora pareça ter perdido seu cargo.

Voltando a Chicago, é provável que June não tenha reconhecido a urgência da situação ou a sorte divina de encontrar sua melhor amiga entre os escombros por causa da concussão. A insistência em encontrar Janine é aceitável, as duas estavam bem pertinho, o que custa procurar, Moira? Moira está mais certa de que Janine morreu, mal sabe ela... Fato é que Moira convence June a entrar no barco e ir para Toronto. Alguns fatos ajudaram June a aceitar: Hannah não a reconhece mais como mãe; June está debilitada fisicamente; Gilead quer ela morta; seus amigos estão no Canadá; e é no país vizinho que ela pode encontrar ajuda.

Mas nem tudo são flores, apesar de Chicago ser terra de ninguém, Gilead ainda mantém controle sobre a fronteira marítima. O barco de assistência social é revistado para que ninguém saia de Gilead e revele os podres dos Comandantes. Oona não quer June no barco, Moira leva a amiga escondida. Na água, rola uma discussão se a ex-aia deve ou não receber ajuda, depois que é descoberta. Sim, muita gente precisa de ajuda e não consegue, mas June já está no barco, deixa ficar. Todo esse drama para instantes antes de serem revistados, Oona resolver imprimir uma identidade falsa para June com o nome de Rachel Smith.

June e Moira tem um segundo confronto no barco, aquele ao lado do bote salva-vidas. Moss e Wiley estão perfeitas aqui, de novo, creme de la creme. June traz para a roda a preocupação de como vai ser chegar sem Hannah no Canadá e encontrar Luke. Após tortura, estupro e algumas tentativas de fuga, ela está prestes a pisar em solo canadense e colher imediatamente o benefício dessa segurança. Mas June não trouxe sua filha consigo, embora tenha salvado a vida de tantos outros.

Os flashbacks foram doces e significativos. June e Luke planejam votos para a relação. Aliás, relação essa que Moira - a exemplo da mãe de June - era contra no começo, ao menos contra um casamento. Ela não queria perder a amiga com quem dividia apartamento. June ter pego a jarra de coquetel da amiga foi divertido. Mas foi a cena em que June conta a Luke que está grávida que nos atingiu com força. Foi lindo <3

Então, quando Luke aparece por aquela porta e vê June pela primeira vez em anos, me debulhei em lágrimas mais uma vez. June se desculpa por não ter Hannah, mas "Tá tudo bem!", né Luke?! E o choro continua com a forte entrada de June em terras canadenses. A cena tem um peso tremendo, que só Elisabeth Moss com sua cara-que-fala-por-si-só consegue causar.

Mas, ainda, cadê Janine? 👀

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