O episódio "The Word" termina com June tomando a decisão chocante de ficar para trás em Gilead para ter mais chances de ajudar Hannah. A reviravolta abre caminho para uma terceira temporada em que podemos esperar uma série mais rebelde do que nunca. "Bendita seja a luta", é como Miller descreve o tom da terceira temporada.

"Eu gosto do fato de que as pessoas estão frustradas", diz ele, respondendo às reações negativas ao final da temporada. "Você quer que ela tome uma decisão diferente. Eu amo o fato de que June faz coisas com as quais discordamos, é impulsionada por suas emoções e seu cérebro e sua estratégia e todas essas coisas. Então, eu estou feliz que as pessoas estão irritadas com o que ela fez, tem perguntas sobre o que ela fez, eu acho que as reviews e críticas me ajudam a ver como as pessoas se sentem sobre isso, porque eu sei o que eu sinto, mas você não pode perver como as pessoas vão reagir até você chegar lá.", diz Bruce Miller ao The Hollywood Reporter.

"O que foi encorajador", continua Miller, que diz que desde as críticas, até as conversas nas redes sociais sobre a série devem influenciar nos rumos que The Handmaid's Tale deve seguir.

"Ela passou toda a temporada lamentando ter que sair com uma criança e deixar outra para trás, e então assim que chegou ao ponto em que aquela criança em sua barriga não estava mais em sua barriga e poderia entregá-la para outro humano, há uma oportunidade de voltar e salvar a primeira", diz Miller." Até que a bebê nasça, você não pode se separar dela. Se a bebê está nascendo, você também pode se afastar. Ela percebeu que a coisa que a estava puxando durante toda a temporada para Hannah era que ela não seria capaz de viver consigo mesma se fosse embora."

"Então, essas grandes decisões e as grandes coisas que acontecem no final, é sempre ótimo quando as pessoas estão interessadas e frustradas gritando com a TV e todo esse tipo de coisa", continua ele. "Não é uma série que você pode dizer que é agradável o tempo todo. Muitas vezes, é um mundo difícil e difícil, ela tem que tomar decisões difíceis, é enfurecedor. Mas eu espero que as pessoas fiquem irritadas em um bom sentido, de uma maneira divertida".

Miller reconhece que o que muitos espectadores de The Handmaid's Tale realmente querem é ter June apenas estando feliz sentada em uma varanda com seu marido e filhas, mas é mais complicado do que isso. "Mas aqui acho que ela, pela primeira vez, [June] está tomando sua própria decisão sobre o que fazer. Na maior parte do tempo, já foi guiada de várias maneiras, mesmo no começo. Ela é uma espécie de marionete que está se movendo de um lugar para outro. Ela não tem tanta independência, e aqui, ela faz sua primeira grande escolha sobre aonde ir."

Por outro lado, a atriz Elisabeth Moss que interpreta June, também deu seu ponto de vista sobre o final e a decisão de sua personagem. "Há realmente algumas respostas para isso, e elas são igualmente importantes", diz ela quando perguntada por que a decisão de June parece o caminho certo para terminar a segunda temporada. "Hannah é a primeira. É simples assim. Ela não pode deixar a filha lá. Não sabe se consegue voltar se for embora. O que ela pode fazer do lado de fora? Ela não sabe. Mas eis o que ela sabe: descobriu que há uma legítima e forte rede infiltrada de Marthas trabalhando pela Resistência. As esposas lideradas por Serena acabaram de se rebelar contra os homens e o governo de Gilead. ela acabou de ver um comandante [Lawrence] ajudar sua aia e querida amiga Emily a escapar. Quão profunda é essa Resistência? Agora ela sabe que não está sozinha. Não quer deixar Hannah, mas quando vê Emily e o Comandante, ela percebe que pode conseguir ajudar sua bebê Holly e ficar para tentar fazer o mesmo por Hannah. Ela não tem muito tempo para tomar essa decisão. Faz a coisa mais arriscada, que é ficar, mas literalmente não pode deixar Hannah naquele lugar."

"Eu não quero lutar do lado de fora", acrescenta ela. "Acho que mataria June. Sentir-se impotente assim. Há pessoas fazendo o trabalho que precisa ser feito em outros países, particularmente no Canadá, é claro, que mostramos legislativamente e tentamos encontrar suas famílias e lutar contra Gilead dessa forma." Há muito poucas pessoas que podem lutar de dentro. Há poucas pessoas que são tão inteligentes e experientes com Gilead quanto June, que são tão conectadas a um Comandante de alto escalão como Waterford ou Lawrence, que tem conexão com alguém como Nick, que sabe que existe uma rede de Marthas, ela tem qualidades muito particulares que fazem dela a pessoa que deve liderar a Resistência. Já no Canadá, tentando mudar as coisas do lado de fora, seria extremamente frustrante para ela."

No momento final da temporada, June puxa sua touca sobre a cabeça, mais simbolicamente envolta em Gilead do que nunca. E, no entanto, Moss concorda que assinala o fim da vida de June como Offred, mesmo que isso signifique também o nascimento de algo novo.

"Não é June que foi capturada e levada a Gilead", diz ela. "Não é o June nos flashbacks. É uma nova June. Ela se tornou mais forte, mais inteligente, mais corajosa, aprendeu muito. Ela viveu uma dor física e emocional indescritível. Ela mudou para sempre, e não necessariamente para melhor, mas de uma maneira que precisa ter mudado para ser capaz de liderar a Resistência. Ela nunca irá perder a capacidade de amar como mãe, mas o amor da mãe pode ser a coisa mais feroz que você já viu."

Moss, que já falou com Bruce Miller e outros escritores de The Handmaid's Tale sobre o que está reservado para o terceiro ano da série, rejeita a ideia de que THT está posicionada para explorar um território mais esperançoso na próxima temporada: "Não estamos tentando ocultar alguma coisa ou ser esperançosos. Estamos preocupados com a verdade, emocionalmente e contando histórias, contando a história dessa aia da maneira mais verdadeira possível."