Elisabeth Moss divulgou o episódio 10 da segunda temporada com
a frase “Não vai ser fácil, é intenso...” em um post no Instagram. É a
definição perfeita de “The Last Ceremony” que pouco a pouco entre a preparação
da chegada do bebê em um ritual pré-parto e June protegendo a futura criança com
a mão na barriga nos levava a cena mais terrível de The Handmaid’s Tale.
O episódio começa com Emily se preparando para a Cerimônia de
sua própria "família". Ela soa como se nada de anormal estivesse acontecendo, com
June narrando sua experiência, até o orgasmo de seu Comandante. Mas esse foi o
último gozo do Comandante, ele desmaia e morre ali mesmo. Emily espera a esposa
sair da sala, se levanta e chuta o corpo inconsciente com força, em um segundo
chute Emily atinge o que tanto a machucou. Logo mais no mercado, as aias falam
sobre o que aconteceu com o homem, Emily nem consegue se incomodar em ouvir.
Ela ainda está em choque. "Que porra há de errado com você?" June a pergunta,
depois de revelar que Moira consegue escapar para o Canadá. Emily mais uma vez
fica sem reação, mal consegue dar uma resposta. A interação é interrompida com
June sentindo contrações, ou seja, parece que o bebê está a caminho.
Em meio ao olhar de desconfiança de Eden, Nick leva June carinhosamente
da ambulância para a casa dos Waterford. June é deixada no quarto principal
mais uma vez sozinha, e fala para si mesma: “Pelo menos esta é a última vez que
vou ter que ir para essa cama”. Ela esfrega a barriga carinhosamente, enquanto
Tia Lydia lidera uma fila de várias aias para se preparar para o parto. A
discrepância entre o comportamento de cada um na casa é maior do que o normal:
Fred fumando charutos com homens em seu escritório, Martas preparando comida e
flores, esposas agradando Serena enquanto ela se prepara e as aias cuidando de
June. Até que Lydia chama Serena para o quarto das aias e a diz que foi um
alarme falso. Para nossa felicidade June debocha da decepção de Serena.
Um falso alarme de parto pode ser uma vitória para June, mas
acaba por reforçar o ardente desejo de Serena em ter o bebê em seus braços e a
aia longe de sua vida. Praticamente exige que o bebê seja induzido ao parto imediatamente,
mas o médico diz que a criança não chegará tão cedo, essa indução precisaria
esperar uma semana ou duas. Serena aceita em um primeiro momento, com um adendo:
quando June tiver o bebê, ela não apenas deve sair de sua casa, mas do
distrito. June, ainda sorrindo, diz que é o melhor assim. Mais tarde, a mãe
quase em trabalho de parto, desce para implorar a Fred para ajudá-la a se mudar
para o distrito onde Hannah mora. Fred fica indignado e a expulsa do escritório,
o que leva June ao desabafo: "Eu não deveria ter esperado que você
entendesse. Você não tem ideia de como é ter um filho de sua própria carne e
sangue. E você nunca terá”.
O pedido de June para ser tratada com mínima decência e ser
levada para perto de Hannah desencadeia uma reação monstruosa nos Waterford, é
o que sempre acontece nos pedidos de June, especialmente quando se trata de
pedidos sobre Hannah. Aqui, porém, eles vão mais longe do que nunca, eles vão além
de monstruoso, mais próximo que nunca do mal. O casal decide idiotamente em
estuprar June para acelerar a gravidez. Na prática, Serena faz força segurando
June na cama enquanto ela se contorce e grita, ecos do “não!” e “pare!” quando Fred
inicia. Passamos por duas temporadas repletas do casal Waterford, mas é uma das
cenas mais desconfortáveis e brutais até hoje. O monólogo de June da abertura
do episódio, sobre Emily durante a cerimônia, volta aos poucos e no final da
cena, nós vemos só um corpo, sem expressão na cama. A câmera permanece nela por
um instante que parecem horas na quietude agonizante.
No dia seguinte, Fred acorda June na cama e a oferece uma
“recompensa” pelo que ele acabou de fazer: uma chance de ver Hannah. Ele ordena
que Nick a leve até um local sem serem vistos, e quando eles chegam, eles veem
Hannah com uma Martha. June permanece completamente em silêncio durante o
caminho, lutando contra o trauma, mas voltou à vida no momento que estava esperando
desde quando foi levada para Gilead.
Hannah, em um primeiro momento, parece dura ao não se
importar com June, ela claramente se lembra da mãe, mas não consegue
compreender exatamente o que está acontecendo - por que sua mãe está aqui
depois de todo esse tempo. Lentamente, elas encontram o caminho de volta uma
para o outra. Hannah pergunta sobre o que aconteceu depois que foram separadas
à força e se June tentou encontrá-la. A mãe garante a filha o quanto lutou;
Hannah deixa sua raiva transpirar, dizendo baixinho: "Você deveria ter
tentado mais um pouco, eu tenho novos pais agora", mas June lida com tudo
maravilhosamente bem, sentimos o intenso amor gritando entre elas, pergunta por
pergunta, resposta por resposta. E no momento em que um dos guardas diz que é
hora de partir, as duas precisam reviver o drama de serem separadas. Nenhuma
das reações de Hannah, nem o modo como a interação dela com a mãe evolui, soa
como falso. É devastadoramente humano.
O episódio ainda revela uma surpresa assustadora para fechar
as coisas. Mais cedo, Nick tinha pego Eden o traindo com Isaac, o
guarda que temporariamente cuidou da casa dos Waterford no episódio anterior, e
a deixou chorando como a criança que é quando ele não se incomodou com a
traição - ela sabe dos sentimentos dele por June. E quando o episódio termina,
June e Nick estão sozinhos nesta casa no meio do nada, quando um carro aparece e
Nick manda June se esconder. Ele é levado pelo Olho porque não deveria estar
ali. É jogado na vã e o outro Olho leva também o carro de Nick embora. A cena
final é composta por June, trêmula, sozinha em uma tempestade de neve em um
lugar que ela aparentemente não deveria estar - prestes a dar à luz, tendo
acabado de ver sua filha novamente, apenas para serem separadas novamente, um
turbilhão de emoções. Episódio digno de season finale, se não tivéssemos mais
três episódios à frente.