Agora eu estou acordada para o mundo. Eu estava dormindo antes. Foi assim que deixamos acontecer. Quando aniquilaram o Congresso, não acordamos. Quando culparam terroristas e suspenderam a Constituição, também não acordamos. Disseram que seria temporário, mas nada muda instantaneamente.
São diálogos como este que fazem de The Handmaid's Tale uma série incômoda (o que é bom, pois realmente nos faz refletir sobre algo que está a acontecer). É certo que, como em toda distopia, a história se baseia na realidade da sociedade atual, mas o que vemos durante os dez episódios da primeira temporada chamam a atenção por ser uma adaptação de um livro de 1985 e que, faz muito mais sentido hoje em dia, especialmente se levarmos em conta os últimos acontecimentos vistos no mundo todo.

Qual a maneira mais rápida de desumanizar alguém?

Todos os acertos de The Handmaid's Tale se encontram nos detalhes. O cerne da produção está em seu discurso feminista e sua ponte com os protestos e desafios sobre os direitos das mulheres em pleno 2017, mas a série não se limita a isto, indo para questionamentos perturbadores sobre: como a paranoia pode mudar o comportamento de uma pessoa até ela chegar ao limite? Como acreditar em um Deus maldoso e vingativo pode destruir uma nação inteira? Como o medo geralmente desencadeia uma série de violência, tudo em busca de uma paz um tanto relativa. Qual a maneira mais rápida de desumanizar alguém? Retirando sua capacidade de propriedade para que, assim, elas possam se tornar uma?

Com cenas dirigidas pela ótima Reed Morano, THT é visualmente impressionante. As cores são desbotadas e vão do cinza ao vermelho, cenas são quase sempre muito escuras, dando uma sensação se sufocamento, mesmo que um mar para os olhos.


E se já não fosse suficiente os tema perturbadores, a série consegue ainda ser um thriller de tirar o fôlego, seja nas complicações que o roteiro vai inserindo para a protagonista ou nas pequenas violências causadas para aquelas mulheres, que muitas vezes ferem mais do que a própria violência física. Sem perder o ritmo, a THT consegue transitar perfeitamente numa obra com discurso poderoso e apresentar um entretenimento tenso.

Não há brecha para nenhum vestígio de alegria para o público, mesmo June/Offred tendo os momentos saudade de seu marido Luke e de sua filha Hannah. Se refletirmos um pouco é fácil perceber que tudo o que é visto na tela já acontece, em maior ou menor grau, e que muitas mulheres não precisam utilizar uma touca em torno da cabeça, já que desde crianças são podadas e oprimidas. The Handmaid's Tale não é somente a série mais significativa da plataforma Hulu, como a mais impressionante do ano.

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